- agosto 1, 2024
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O Que Torna Rebeca Andrade Uma Atleta Fora da Curva, Segundo Sua Primeira Treinadora
A trajetória de Rebeca Andrade na ginástica artística começou de maneira quase acidental, quando ela tinha apenas 6 anos, em Guarulhos, São Paulo. Sua inserção no esporte foi impulsionada por uma série de coincidências, como a decisão de sua tia, Cida, de pedir à técnica Monica dos Anjos para dar uma chance à sobrinha que adorava pular pelos móveis de casa.
Ao se deparar com a pequena Rebeca, Monica percebeu de imediato que a menina tinha algo especial. “Quando vi aquele corpinho forte, torneado, cheio de musculatura que a gente busca em crianças da ginástica, eu já sabia que tinha algo especial”, relembra Monica.
Essa intuição estava correta, e Rebeca Andrade, agora aos 25 anos, se tornou a maior medalhista olímpica feminina da história do Brasil. Com sua mais recente medalha de prata no individual geral, Rebeca alcançou sua quarta medalha olímpica, consolidando seu nome entre os grandes do esporte mundial.
Uma História de Sucesso e Perseverança
Para Monica dos Anjos, que acompanhou os primeiros passos de Rebeca na ginástica, cada nova conquista da atleta traz à memória o início de tudo. “Vem na memória quando ela veio pequenininha com tia. Eu segurei a mão dela e pedi para ela pular no tablado. Pensei: temos aqui uma nova Daiane dos Santos”, recorda Monica, comparando Rebeca a outra ginasta vitoriosa brasileira.
A jornada de Rebeca, que passou pelo projeto social de Guarulhos e depois treinou com Chico Porath, até se mudar para Curitiba e, posteriormente, para o Rio de Janeiro, foi marcada por desafios e superações. Mesmo diante de várias cirurgias e momentos de dúvida, Rebeca se manteve firme, amparada por sua família, seus treinadores, e até por Simone Biles, que a aconselhou a “não desistir”.
1. Um Corpo Potente
Desde o primeiro encontro, Monica dos Anjos notou a força física natural de Rebeca. “A força muscular que ela tem a faz subir muito alto nos saltos e realizar os elementos de uma forma mais limpa”, explica a treinadora. Essa potência física, combinada com uma técnica refinada, permite que Rebeca execute movimentos com uma amplitude e elegância que a destacam na ginástica mundial.
Apesar dessa força, o corpo de Rebeca também enfrentou desafios. Ela passou por três cirurgias no joelho direito, mas sempre encontrou forças para continuar, mostrando uma resiliência impressionante.
2. Concentração e Cabeça no Lugar
A ginástica é um esporte que exige foco absoluto. Rebeca desenvolveu uma capacidade excepcional de se concentrar e de se “colocar numa bolha” durante as competições. Ela não se deixa distrair pelo que acontece ao seu redor, focando apenas em executar seus movimentos com perfeição.
Essa mentalidade forte é apoiada por um trabalho psicológico constante. Rebeca ressaltou a importância desse suporte após conquistar a prata em Paris: “Teve um dia que estava mais ansiosa e fui e conversei com minha psicóloga. Me ajudou bastante.”
3. O Carisma que Levanta a Torcida
No solo da ginástica, onde as apresentações são acompanhadas de música, o carisma da atleta é um diferencial importante. E Rebeca tem de sobra. “As nossas brasileiras, não só a Rebeca, elas levantam o público, fazem um espetáculo”, afirma Monica dos Anjos.
Essa conexão com a plateia é ampliada pela escolha das músicas, que reflete a personalidade e a história de Rebeca. Em Paris, ela encantou o público ao som de um remix de End of Time, de Beyoncé, e Movimento da Sanfoninha, de Anitta, mostrando a alegria e o orgulho de suas raízes.
Conclusão
Rebeca Andrade é uma combinação rara de potência física, equilíbrio mental e carisma, qualidades que a tornaram uma atleta fora da curva. Sua trajetória é uma inspiração, não apenas pela sua habilidade técnica, mas também pela sua resiliência e capacidade de transformar desafios em triunfos. Como ela mesma disse, é o equilíbrio de tudo isso, junto com o apoio de sua equipe, que a trouxe até aqui.
Com mais três finais por disputar, Rebeca tem a chance de se tornar a maior atleta olímpica do Brasil, superando ícones como Robert Scheidt e Torben Grael. Independentemente do resultado, sua história já é um marco na ginástica mundial e um orgulho para o Brasil.