• julho 1, 2024
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Desafios do Real aos 30 Anos: Manter o Poder de Compra

Desafios do Real aos 30 Anos: Manter o Poder de Compra

Real completa 30 anos com o desafio de manter seu poder de compra, enfrentando uma inflação acumulada de 708% desde sua criação.

Prestes a sair da feira do Largo do Machado, na zona sul do Rio de Janeiro, a servidora pública Renata Moreira, 47 anos, sente toda semana o impacto dessa realidade. “Com R$ 100, eu saía com pelo menos seis ou sete sacolas do mercado. Hoje em dia, sai com apenas uma”, relata.

A redução do carrinho de compras é um reflexo direto da inflação acumulada ao longo dos anos. De julho de 1994 a maio de 2024, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou 708,01%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Isso significa que R$ 1 na criação do real valem R$ 8,08 atualmente. Frequentadora da mesma feira, a aposentada Marina de Souza, 80 anos, também nota a redução gradual do poder de compra. “Cada dia a gente vê que os preços aumentam aos poucos”, observa.

 

Impactos da Inflação no Cotidiano

A inflação acumulada de 708% nos últimos 30 anos impõe um desafio constante para a manutenção do poder de compra dos brasileiros. No aniversário de 30 anos do real, o cenário de inflação global crescente é uma preocupação significativa.

Segundo a professora de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Virene Matesco, “a inflação alta no pós-pandemia é perfeitamente explicável e abrange todo o planeta”.

Economista-chefe da Way Investimentos, Alexandre Espírito Santo, afirma que a inflação pós-pandemia é complexa e desafia os Bancos Centrais em todo o mundo. “Tivemos um choque de oferta, com a quebra de cadeias produtivas no mundo inteiro. Além disso, os bancos centrais injetaram muito dinheiro na economia global, dinheiro que ainda está circulando”, explica.

 

Adaptações Econômicas e Salários

Outra maneira de interpretar a inflação acumulada de 708% seria dizer que o real perdeu 87,62% do valor em 30 anos. No entanto, isso não significa que a população tenha ficado mais pobre na mesma proporção.

O poder de compra é definido também pela elevação dos salários. “A economia se adapta às variações, inclusive à alta recente do câmbio que estamos experimentando”, diz o economista Leandro Horie, do Dieese.

Na prática, a reposição do poder de compra é influenciada pelo crescimento econômico. Em momentos de expansão da economia e de queda do desemprego, os trabalhadores têm mais poder para negociar reajustes salariais.

Segundo o Dieese, 77% das negociações salariais resultaram em aumento real (acima da inflação) em 2023, subindo para 85,2% até maio deste ano.

 

Perspectivas para o Futuro

Em 2024, a inflação começou o ano em desaceleração. O IPCA, que acumulava 4,51% nos 12 meses terminados em janeiro, caiu para 3,69% nos 12 meses terminados em abril.

No entanto, o índice acelerou para 3,93% nos 12 meses terminados em maio, devido ao impacto das enchentes no Rio Grande do Sul e da seca na região central do país.

Alheios às oscilações econômicas e aos debates teóricos, os consumidores sentem os efeitos da inflação no bolso. “Acho que a comida, os bens de consumo em geral e os serviços também aumentaram. Está tudo um pouco mais caro no geral”, diz o produtor audiovisual Lucas de Andrade, 40 anos.

Ele também constatou uma diferença notável nos preços após voltar do Canadá, onde morou entre 2019 e 2021. “Estive fora do país, voltei e achei os preços bem absurdos”, comenta.

A inflação alta no pós-pandemia é perfeitamente explicável e abrange todo o planeta. Tivemos problemas sérios, de rompimento de cadeias produtivas, uma mudança geopolítica mundial, com guerras regionais, e mudanças climáticas que pressionam principalmente a oferta de alimentos.

Para mais informações, visite o site do IBGE.

  • Real: 30 anos de desafios
  • Inflação acumulada: 708%
  • Poder de compra em queda

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