- junho 24, 2024
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São Gonçalo Oferece Tratamento para Esporotricose
Pacientes Também Recebem Medicação Através do SUS
A esporotricose – doença causada por fungos localizados na terra ou através dos gatos – tem tratamento e distribuição de remédio através do Sistema Único de Saúde (SUS) em São Gonçalo. O tratamento para a doença em humanos é realizado no Polo Sanitário Washington Luiz, no Zé Garoto, às quintas-feiras. As consultas com a dermatologista – para os casos de esporotricose – podem ser marcadas na própria unidade. A distribuição do remédio itraconazol, que combate a doença, é realizada nos cinco polos sanitários e três clínicas municipais.
“A esporotricose é uma micose profunda causada por um fungo que existe na natureza e tem afinidade pelo solo, pelas plantas e, mais recentemente, por alguns animais, que passaram a servir de reservatório, principalmente os gatos”, explicou a dermatologista Andrea Duarte, que atende no Washington Luiz.
A doença provoca o aparecimento de erosões ou ulcerações principalmente na face, próximas aos olhos, nas mãos e nas pernas. Apesar do grande comprometimento inflamatório e do aspecto muitas vezes grotesco das feridas, a doença – se corretamente tratada – é plenamente curável. O tratamento é feito com o antifúngico específico itraconazol e dura, em média, três meses. Mas, dependendo da gravidade, pode durar o dobro do tempo.
“A transmissão entre humanos é raríssima. O diagnóstico é clínico e fácil de ser identificado. No paciente que chegou com as lesões características e tem o histórico do contato com o gato, o diagnóstico é fechado. Quando a gente tem dúvida, o critério ouro do diagnóstico é pedir a cultura da lesão”, explicou Andrea.
A aposentada Maria da Glória Silva, de 77 anos, procurou a dermatologista após aparecerem as lesões na mão e braço direito. Ela tinha uma gata que estava com esporotricose, mas não foi mordida ou arranhada por ela. No entanto, caso tenha qualquer abertura na pele para a entrada do fungo, a pessoa pode se contaminar, o que pode ter acontecido com a aposentada.
“Quando apareceram as feridas, fui a uma unidade de emergência. Passaram o remédio e fizeram o encaminhamento para a dermatologista para dar continuidade ao tratamento. Estou, há quase um mês, tomando o remédio e já vi melhorar. Mas quero alertar os outros pacientes para terem cuidado com os gatos doentes e se tratarem. Não deixem de procurar ajuda”, contou Maria.
A dermatologista disse que Maria da Glória tem a forma clássica da doença com a lesão de inoculação (onde começa a primeira ferida) e os nódulos. “Esses nódulos que vão subindo pelo braço são a resposta imunológica para conter o processo da doença. Como está tomando há 30 dias o remédio, duas vezes por dia, já teve melhora clínica. Normalmente, as lesões têm secreções. As dela estão sequinhas, mostrando que o tratamento está fazendo efeito. Mesmo que as lesões sumam antes disso, tem que continuar o tratamento para não voltar”, esclareceu a médica.
Para evitar a contaminação através do gato que já está com a doença, a especialista orienta evitar dar o medicamento diretamente na boca do animal, evitar o contato direto com as lesões, não fazer curativos ou passar pomadas. “O gato tem que ficar isolado e preso em coleira ou em algum local da casa que não consiga sair até que as lesões cicatrizem. O gato doente deve ser tratado, mas sem que o indivíduo entre em contato direto com ele. A higiene do espaço deve ser feita com água sanitária (hipoclorito de sódio)”, finalizou a médica.
O tratamento do gato é mais demorado. Costuma levar de seis meses a um ano. Nos casos mais dramáticos, com lesões extensas ou nos casos em que não respondem ao tratamento e falecem, os animais devem ser cremados. Enterrar o gato pode contaminar o solo e as plantas, perpetuando o ciclo de transmissão da doença. A castração e a posse responsável são as melhores formas de prevenção da esporotricose felina.
Como Identificar a Doença
Se a pessoa foi arranhada por um gato contaminado, o local onde houve o arranhão será cicatrizado. Mas a lesão abre após 15 dias – período de incubação do fungo. “Então, quando o paciente tem a lesão e, uma semana depois, está com pus, não é a esporotricose. É uma infecção bacteriana por conta dos germes da boca do gato. Normalmente, a lesão típica da esporotricose é uma úlcera que se desenvolve cerca de 15 dias após a arranhadura ou mordedura e é chamada de cancro de inoculação. Essa ferida permanece aberta até que o tratamento específico seja instituído”, explicou a médica.
A partir dessa primeira ferida, caracteristicamente, começam a surgir nódulos inflamatórios ao longo do local. “Então, se a ferida aberta é no dedo, vão surgir nódulos que vão subir até as axilas. Isso é a tentativa do organismo de deter o processo para que a doença não vá para o sangue. Cada nódulo é um gânglio linfático tentando deter a disseminação do fungo”, concluiu Andrea.
Apesar de ter cura, há pacientes que podem desenvolver formas graves da doença, como aqueles com algum comprometimento da imunidade, paciente em quimioterapia, usando corticoide, diabéticos, idosos e portadores de doenças imunossupressoras, como Aids.
“Nesses pacientes, a gente pode ter um desfecho um pouco mais dramático e o fungo pode acometer pulmões, ossos, fígado e até o sistema nervoso central. Mas a grande maioria tem o tratamento bem tolerado e com cura em três meses. Não é uma doença cronificante. É uma doença aguda e que, se tratada corretamente, é curada”, finalizou a dermatologista.
Itraconazol
A distribuição do itraconazol na rede pública é realizada através da apresentação de receituário médico do SUS. A medicação pode ser encontrada nos cinco polos sanitários e em três clínicas municipais.
- Polo Sanitário Hélio Cruz, Alcântara
- Polo Sanitário Washington Luiz, Zé Garoto
- Polo Sanitário Jorge Teixeira de Lima, Jardim Catarina
- Polo Sanitário Augusto Sena, Rio do Ouro
- Polo Sanitário Paulo Marques Rangel, Porto do Rosa
- Clínica Gonçalense Municipal do Mutondo
- Clínica da Família Dr. Zerbini, no Arsenal
- Clínica Gonçalense Municipal do Colubandê